quinta-feira, 24 de novembro de 2011

A Vida É Um Palco

No palco dos sonhos acordei
Ferido, danificado, quase morto
Como quem cai no alçapão dos sonhos sem pára-quedas.
De livre vontade caminho então pelo jardim que me rodeia
Que simultaneamente me liberta e me prende, como numa teia,
E a tecedeira que é a vida, com as suas longas oito patas,
Mostra-me que todo um plano é arquitectado
Para que nada passe em vão.
Nem mesmo as quedas no alçapão.

segunda-feira, 12 de setembro de 2011

Prisão de Muralhas

O mundo pára, escuta e sente
A tua existência, que me deixa sorridente
Que me faz sonhar e sobrevoar o impossível, o inexistente
Que me mata, quando decides existir para outro alguém.

O teu sorriso fecha-me entre mil muralhas,
E nelas reside o meu mundo, somente
Do qual faz parte o teu sorriso, maravilhoso e potente,
Como a presença omnipotente
De divindades, de presenças de força maior
De laivos de mundos isentos de dor
De rios de amor, sem pudor.

É uma prisão saborosa, esta
Delicada, como se feita de vidro,
Indestrutível, como se feita de titânio,
Aliciante, como se coberta de ouro,
Desejada, como se paraíso fosse.
E ainda assim, dela quero escapar
Quero sair, quero-me libertar.
Mas como sempre, quero o que não tenho,
E por aqui vou ficando, abandonado.
Esquecido.
Despercebido.

Aprisionado.

segunda-feira, 4 de julho de 2011

Viagem

Tocas-me e sorrio. Choro, por dentro, mas sorrio para o mundo. Existes, e isso basta para mim.
Sonho com o dia em que vais ver quem sou. Em que a luz da lógica vai brilhar à minha volta, e o teu cérebro iluminado te transmita o 'clic' há muito esperado. Nesse dia, a música que me tocou vai tocar em ti, e a harmonia de sentimentos vai finalmente dar-se...
Até lá. Uma boa viagem.

segunda-feira, 13 de junho de 2011

Veludo

Palavras de veludo acariciam-me mentalmente. Ninguém pode, jamais, violar este sentimento, que me habituou ao seu sorriso, ao seu olhar e ao seu perfume. Ninguém pode, ninguém vai e ninguém consegue. É um novelo de carinhos, de tenebrosos caminhos, feitos da pedra de calçada que preenche os buracos do meu coração. É a despreocupação, a tristeza e o amor, a morte sem dor, o doce veneno da ilusão, os passeios pelas ruas da amargura da minha vida. Não te enganes; o meu coração é teu, por muito que o deixes morrer ao relento das noites geladas da tua vida.

quarta-feira, 1 de junho de 2011

Aprendizagem

Aprendi a amar sem olhar para trás. Aprendi que, mesmo lá no fundo, a esperança é oca e por vezes não passa de uma simples ilusão. Aprendi a sorrir quando seria normal chorar, a incentivar quando o melhor seria afastar-me, a ficar na plateia a assistir enquanto a vida da pessoa que amo desfila à minha frente, e eu me limito a aplaudir. A sorrir e a elogiar. Enquanto ela desfila. Enquanto ela passa e eu fico, e quando ela vai já longe, embora tenha saudades, nada faço. A sua vida nunca se vai entrelaçar com a minha, a sua alma nunca vai desejar a minha, o seu ser nunca vai amar o meu.

terça-feira, 24 de maio de 2011

How many?

Uma gota. Duas. Três segredos, mil angústias.
Quantas tempestades se passam em mim?
Não há socorro, não há ajuda, não há compreensão.
Só solidão. Tristeza. Desilusão.
Máscaras que disfarçam mapas
Que ensinam como chorar
Que me fazem gritar, desesperar.
Morrer.

segunda-feira, 16 de maio de 2011

Chuva e Sentimentos

Deixa que chova.
Lava as vergonhas, os erros, as desilusões
As saudades, os medos, concede perdões
Põe a mão sobre a barriga, e respira fundo
Sente o ressoar de cada gota de chuva
De cada lágrima que o céu chora
De cada pedaço de brisa que te agita os cabelos.

Não temas sorrir no meio da tempestade
Pois se depois dela vem a bonança,
Por que não começar já a ser feliz?
Por que não esboçar um sorriso e dar a mão ao teu eu do passado
Abraçar o teu eu do futuro
E seguir, sem rumo, pela chuva que desenha o teu vulto?

Aprende. Sorri. Ama.
A vida é veloz, por muito que sejas impaciente
Por muito que queiras amar uma vez, ou dez, ou cem
Por muito que as coisas pareçam demorar
Não esqueças que o teu hoje será o ontem longínquo de alguém.

quarta-feira, 11 de maio de 2011

Fluxo do Constante

Quantos relâmpagos tem uma tempestade?
Quantas lágrimas tem uma saudade?
Quantos adeus tem um fim?

Os fluxos completaram o ciclo.
E as saudades são a constante que se verifica.
A impressão que fica
É que não houve evolução.
Nada mudou,
Mantém-se a solidão.

Quero voar.
Para longe da tempestade,
Da saudade,
Do fim.

terça-feira, 10 de maio de 2011

O Desenjaular Do Dragão

Tremo,
E temo,
Pelo sonho supremo
Que, em nós, dorme.
Sereno.

Um sorriso sublime
Aflora-lhe os lábios.
É renegado pelos cépticos,
Ignorado pelos tolos,
Abraçado pelos sábios.

Sem finais apoteóticos, as provas residem em nós.
Todo o nosso mundo, entrelaçado, com todos os mundos existentes e imaginários.
É livre, a esperança, mas os sonhos, esses, são como presidiários
Destinados a prisão perpétua.
Tentam libertar-se, sem ninguém magoar
Sem nenhuma fúria despertar
Para o seu espaço poderem voltar.

Um reluzir de asas de vidro encandeia os olhos mais fracos.
As borboletas de cristal assinalam a chegada da Luz, da Razão
O conhecimento, que nos dá a mão
Que se revela na história fantástica, e do dragão
Que em planetas pessoais e cantinhos perdidos,
Se escondeu, deixando migalhas da sua presença
E que agora constituem um banquete ao nosso Eu.

Mas quem somos, e por que voltamos sempre à ligação que nos originou?
Sentimo-nos diferentes, pois na nossa infância algo se mostrou.
Algo nos disse sem palavras que seríamos o que ninguém acredita,
O que em muitas mentes suscita,
O desprezo, a ironia, a falta de razão
Mas que noutras desperta a lógica,
O sexto sentido, a compreensão.
A liberdade de um enjaulado dragão.

domingo, 8 de maio de 2011

If Feels Like Summer Rain


Beijar-te é como beijar o Verão.
É como ver a felicidade e dar-lhe a mão,
É chorar de alegria por teres sorte
É desejar ficar contigo até à hora da minha morte.
É sorrir como um tolo quando estás por perto
É seres a única pessoa no deserto
Que é o meu coração
Que parou de bater por outras pessoas
No dia em que encontrou o brilho do teu olhar.
E por vezes vejo-te com outro alguém, que me sorri
Com desdém
E uma fúria apodera-se de mim.
Apetece-me passar por cima da razão
Destruir tudo, e revelar
Que jamais posso parar de te amar.

É como chuva de Verão.
Fora de tempo, sem obrigação.
Sabe a solidão.

quarta-feira, 23 de março de 2011

Fuga

Magoado, ferido, insultado
O meu ser deseja poder e liberdade
Deseja escapar deste mundo sem deixar saudade
Sem rancor, sem mágoa
Apenas felicidade.

Um dia, quem sabe.

terça-feira, 11 de janeiro de 2011

Massacre na Rua das Flores

Estava ele na rua das Flores. Plena baixa lisboeta, plenas quatro da madrugada. Um grito vindo da sempre alcoolizada rua do Alecrim disse-lhe que a noite era ainda uma criança. Mas era um grito diferente, de socorro. Correu para lá, agarrou no telemóvel e ligou para o 112, esquecendo-se por completo que o quartel dos bombeiros espreitava por cima do seu ombro. Assim, ele presenciou a morte retirada à força a uma jovem dos seus quinze anos, mesmo ao lado dos contentores do ecoponto. Uma figura vestida de preto, uma faca longa e afiada e terror q.b. fizeram daquele fim de noite a receita perfeita para comer... E não chorar por mais.