domingo, 5 de dezembro de 2010

Feed the stars.

As estrelas que um dia brilharam para nós parecem perder força de dia para dia; ou melhor, de noite para noite. Não há mais daquele brilho intenso que nos preenchia as noites, que nos seduzia com o seu corpo ofuscante. As estrelas, tal como as almas das pessoas, estão a apagar-se. A deixar um rasto brilhante de memórias, dos tempos em que o mundo se guiava apenas pela luz da noite, e da alma. E no momento em que ficarmos às escuras, todos se hão-de perguntar: "O que é feito da luz das estrelas? E da lua??". Sim, pois a lua, parceira das estrelas, vai apagar-se por companheirismo, tal como as ligações que temos com uns se apagam quando outros de quem gostamos entram em confronto com os primeiros. Zangas, motins, discussões, guerras, todo o gossip que apodrece as nossas almas; é como um vortex negro que engole corpos celestes indiscriminadamente, sem vontade de parar, até que a escuridão e a solidão tome conta do nosso universo. Unless...
Devemos alimentar as nossas almas. O nosso espírito, tal como as estrelas, brilha umas vezes mais intensamente que outras. E, tal como elas, parece eterno. Mas não o é. É lindo, imaculado, forte; mas finito. E é o dever de cada um proteger essa luz.

sábado, 23 de outubro de 2010

Sentidos

Dualidade.
Duas consciências, dois seres, duas pessoas.
Um corpo.
Uma identidade, uma alma, uma vida.
Medo de pensar.
Confusão de ideias, contradições permanentes neste cérebro a preto e branco, onde o sim é lei e o não é pecado.

Pecado, blasfémia, punição. Punição que dói, que persegue, que aperta o coração, que faz o nosso corpo tremer e a nossa alma estalar. Sem sentido, sem sinais vitais. Sem ar. Perde as asas, este corpo fraco, e por isso não viaja. Não conhece mais que aquilo que os olhos alcançam... Mas os olhos vêem muito. Vêem saudade, tristeza, ambição. Vêem falsidade e captam sentimentos de agonia, de ansiedade, de arrebatadora paixão. Vêem a ligação entre dono e cão, entre amigos, entre pais e filhos. Vêem ligação de pensamentos, de almas, de sensações de perdição. Mas esperem... Não vêem amor. Não. Pois o amor não se vê, nem se sente, nem se cheira. Nem se toca. Ouve-se. Ouve-se o bater do coração, os desejos que nos assolam a mente, a vontade de beijar, de tocar a pessoa, de sentir o seu aroma. Ouvem-se pássaros cantar, sinos tocar, músicas no ar; ouvem-se os murmúrios da alma a convencer-nos aproximar. Ouve-se tudo e mais alguma coisa: pessoas, animais, até os cheiros se podem ouvir. O som das rosas na pele, da baunilha no cabelo, do hálito a menta. E o som do medo. Medo da rejeição. O medo que não se sente, mas que se ouve. Ouve-se o medo do medo, e ouve-se o seu cheiro, a terra molhada da chuva numa noite de verão, mas com uma tonalidade avermelhada, como se a chuva tivesse queimado a terra. É um som especial, pois é um medo especial. O medo de amar.

terça-feira, 12 de outubro de 2010

Always, always, always, always love you...

Eu sou de confiança. Sorrio, choro, ajudo, caminho quilómetros para ajudar um melhor amigo. Nada para mim vale mais que a amizade. Nada. No fim de contas, podemos amar um infinito de pessoas, podemos apaixonar-nos por todas elas, mas quem estará sempre lá? Mesmo que algo corra mal com o amor das nossas vidas. Com a pessoa que amamos. Quem está sempre lá? Tu. E ele. E elas também. Vocês, minha gente, minha família, seres do meu sangue, que me estendem uma mão a sorrir, um abraço forte num dia de chuva, uma gargalhada no meio da chuva de lágrimas. Fazem-me ver cores neste mundo a preto e branco, fazem-me rir neste velório de valores, fazem-me sentir livre nesta prisão de crenças. Seja na janela do mundo, na estrada dos eucaliptos, num café no Chiado, na rua com cheiro a caril, na casa de chá cheia de sensações que todos conhecem, numa casa perdida no Meco, na Avenida vasco da gama, em plena rua a entrar em simbiose com o planeta ou num dia chuvoso, numa tasca que afirma servir almoços, na Junqueira. A todos vocês, um grande, enormíssimo obrigado, por serem quem são, mesmo que um ou outro tenha escolhido deixar de me ser o que era. Desde e para sempre, ainda que por tempos isso não tenha sido claro, ter-me-ão pelo mesmo tempo infinito quanto desejarem.
@

segunda-feira, 30 de agosto de 2010

Balão

Grita, foge, estremece
Guarda a coragem, sente medo por uns instantes
Confuso, o teu corpo enlouquece
Expira dúvidas e receios
Pensa em ti e nos problemas alheios
Mas depois pára.
Respira. Observa. Pondera.
Mantém a calma, descarta os nervos
Faz dos teus receios os teus maiores servos
E toma rédea da tua vida.
Combate a prisão, a opressão
Mas não te escondas no mundo da solidão
Se não tiveres vergonha, dá-me a mão
Se tiveres, sopra a raiva num grande balão
Agarra-te a ele e voa para longe;
Pelo menos tens a companhia da imaginação.

quinta-feira, 19 de agosto de 2010

red spirits make love with white souls

Desmembrando o corpo da mentira,
A aura escarlate da vida solta-se das veias
Libertando o desejo da branca alma, de ser uma com o mundo
De vaguear pela terra, pelo céu, pelo mar
De se abraçar a cada sorriso, de se deitar a chorar
Por não encontrar, ainda que procure
O espírito apaixonado da sua vermelha metade
Que há muito escapou do ser onde ambos habitavam,
Pelo receio de corrosão
Dos pensamentos negros da sua vida dupla
Dos contornos malditos de todos os seus passos...

E então o espírito vermelho fugiu da alma branca,
Pois sozinhos sobreviveriam, mas juntos seriam executados.
Era o seu medo.

Mas no reencontro, a alma acorrentou o espírito
Pelo amor, pela saudade, pela esperança
Pois fora do corrompido humano, todo o sentimento é belo
Toda a ideia é possível
E todos os espíritos podem fazer amor com as suas almas.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

241-17: Closer

Portas.
Fechaduras bloqueadas pelo medo de esquecer.
Chaves de prata, de ouro, de betão
Num chaveiro de lembranças, que ninguem ousa tocar
Pelo receio de destruir
O sorriso que permaneceu intacto
Por tantos anos de paz e solidão
Lacrado na fechadura enferrujada.

"Desta vez, é Dinis quem reflecte sob a queda de água fria do seu chuveiro. A perspectiva de perder a pessoa de quem gosta para Rafael é sentida como uma traição voraz, um punhal no coração da amizade, uma flecha de gelo nas suas costas. A água deixa-o dormente, mas não o suficiente para gelar a tristeza. Decidiu abdicar, para poder manter. Para poder sorrir por Rafael e tentar sorrir por si. Para não sofrer. Percebe que não há mais nada a fazer a não ser procurar a chave de prata azul e abrir o baú. Não pode mais temer por aquilo que não pode combater. Deve apenas sobreviver."

E no baú azul, por detrás da porta de betão dourado com a fechadura de prata, a amizade de Rafael abraça-o. E ele sente-se bem.

terça-feira, 20 de julho de 2010

241-17

O jacto de água fria tocou nos cabelos e costas de Rafael. A tristeza que sentia fundiu-se com o frio que corria pela sua coluna, chocando com o arrepio que lhe escalou as costas até à nuca. Nunca antes pensara na morte daquela forma. Duas companheiras, duas amigas, duas cúmplices. Uma luta até ao fim. O resultado fora o seu desgosto pelo desaparecimento de uma e o inevitável destino da outra. A traição selvagem que se dera no seu quintal abrira-lhe os olhos. Via agora o mundo como quem perdera uma grande parte de si, sentia-se atraiçoado pela sobrevivente, destroçado pela derrotada, sozinho. Chorou. Mais uma vez, a tristeza fundia-se com a água fria que o gelava, adormecendo-lhe os músculos e toldando-lhe os sentidos. Precisava de dormência, de paz. De não sentir. O seu amigo dormia no sofá-cama da cave, e a sua presença transmitia-lhe alguma segurança. Ele presenciara tudo, do início ao fim. Mas tudo estava longe de acabar. Questionou-se mil vezes pelo motivo que levara a grande cadela malhada, Mantra, a atacar Luz. O medo, a raiva? Uma brincadeira fora dos limites? Nada fazia sentido, e mais mil vezes se questionou, até que se foi deitar. Recordava os momentos que passara com Luz, as brincadeiras, os ralhetes. As fotografias, os mimos. Todos os momentos ganharam vida novamente, lágrimas de saudade passearam pelos seus olhos e aterraram na almofada. Lembrou-se que não estava sozinho. Dinis acompanhara-o durante o dia, durante o processo de dar a notícia aos pais e irmãos, que se encontravam de férias no Sul do país, durante as refeições.
Agradeceu. Sorriu. Adormeceu.

domingo, 18 de julho de 2010

Alma Fugida

Tempo. Horas, minutos, segundos que se desvanecem.
Preciso de ti. Mas não sei. Não sei como encontrar-te.
O que é isto? Esta sensação sufocante?
"São saudades que enlouquecem", diz o verme que em mim habita
É uma dor que me aflige, sem prazo, e no meu cérebro suscita
A curiosidade de quem há muito não ama
De quem há muito não tem, nos olhos, a gloriosa chama
De ardente paixão, de calor incessante
De brasas excitantes que mergulham na pele, com doce prazer
De suspiros apertados, ao colo da noite
De amor, de desejo, de um só querer ser
Da alma selvagem e errante
Que chora até doer
Pela sua metade, perdida, que ainda não encontrou
O caminho de volta para o lugar de onde nunca voou.

Sem sacrifícios, as almas nunca se encontrarão.
No entanto, o mundo reserva-lhes uma surpresa
Algo brilhantemente planeado, que com o tempo
Será posto em prática.
Com o tempo. O maldito tempo.

terça-feira, 8 de junho de 2010

Unforgettable - Nat King Cole (the feelings)

No próximo, vejo o passado, que à muito estava adormecido.
Vejo o calor, as cores, os sorrisos, as saudades.
O impossível de te rever, de te tocar, sempre que queira.
Sorrio, para que depois esse sorriso forte
Vibrante, quase incólume
Se desvaneça na sombra da solidão
Para que as recordações o venham matar.
Pois é linda, e selvagem, essa memória
Cheia de loucura, de instabilidade, de história
E nem a vida que me rodeia, que me chama
Consegue fazer a memória ir embora, pois ela
Enraízada e resiliente
Prende-se, abraça-me, deixa-me quase doente
De saudades, de inconformidade, de paixão
E as lágrimas que me roubas
São a pureza do meu coração.
São vestígios de verdade, de eternidade
E como a semente da amizade um dia me disse
Elas vão germinar, pois por muito que queira
Não mais irás voltar.

quinta-feira, 3 de junho de 2010

show me something new

O instinto apela à mudança
Ao novo, à despedida do já visto.
Baseado em contos e sentimentos, em letras perdidas
Em sorrisos ocultos, lágrimas escondidas
A nova identidade dá-se a conhecer ao mundo
Na forma mais pura e incólume, de ser
De estar, saber, escrever
Sonhar e sorrir.
Lacrimejar. Rir.
Encontrar o caminho
E sem para trás olhar
Deixar-se ir.

quinta-feira, 27 de maio de 2010

Amizade com cheiro a noite

Medo.

De estar sozinho
De ficar sem ninguém
De respirar, de olhar, de ver o que não quero saber
De querer o que não devia querer
De sonhar, de morrer, de ter o que não posso ter
Sozinho, acompanhado, assim-assim.
Iniciar a escalada e temer que não tenha fim
Olhando para os outros, para ti e para mim
Rir, não saber, chorar, sofrer
O cheiro da amizade que vagueia pelo caminho
Onde passamos, pisamos pedras com história
Onde choveram tristezas, onde se guarda a memória
Daquele cheiro estranho, inexplicável, como alecrim
Que se transforma, que cheira a canela, a caril, a jasmim
Que nos faz parar e pensar no futuro
Nos caminhos de pedra que nos esperam, juntos, sempre
Seja em pessoa, seja em memória, num cantinho da mente
Iremos escrever a nossa história
Com derrotas, com vitória, com glória
Aqui. Ali, lá, onde será?
Longe, perto, ao virar da esquina
As lembranças que vão ficar, a imagem do sorriso que esboçamos
Quando os olhos levantamos
E felizes ficamos
Sabendo que a nossa amizade foi inesperada mas permanece eterna.

Como o cheiro a noite, a caril, a jasmim.

segunda-feira, 24 de maio de 2010

Fluxo das Escolhas

Limpa as lágrimas da solidão
E ouve a melodia da esperança.
A luz que brilha no início
No teu novo e mais iluminado começo,
Pára o medo que treme, o riso que dança.

Lá, entras ferido e sais ileso
E por entre risos que choram e abraços que cantam
O caminho abre-se, as cortinas da bolha desaparecem
O mal deixa de importar, pois só magoa quando lhe damos importância
E quando quimeras e esfinges se desvanecem
E a bússola de fogo encontra o norte da vida,
Desaparece a ambição, a raiva, a ganância
E fica apenas a bifurcação mais perigosa:
matar por vingança, ou viver, por ignorância.

sábado, 15 de maio de 2010

Fluxo do Abismo

Nas asas do abismo
Encontro sempre algo mais forte que eu.
Rindo-me, posso afirmar que sei quem és
Tu, aquela pessoa que mais me pode enganar
Mentir, guiar, manipular
Afastas-me da razão e do ambiente puro do mundo
Por ti, fico só e desamparado
Bato no fim, no poço sem fundo
E sem lágrimas por derramar
Mostro quem quero ser, mostro quem quero amar
Abraço a vontade de voar, de gritar
Olho no horizonte, à beira do precipício
Com as pernas hesitantes, pronto a saltar.
E engolido pelas saudades, o abismo não me deixa despertar.

sexta-feira, 7 de maio de 2010

Fluxo do Fantástico

Monstros míticos, como manticores e esfinges
Personificam os falsos, os opressores
Que rodeiam os amigos de quem Vê, que ameaçam quem Sabe
Prendem e bloqueiam a luminosa verdade
Lançam mentiras, chamam raptores.
Mas tu, quimera, não me magoas, não me atinges
Não tenho medo desses olhos de maldade
Não receio o nunca mais, nem a saudade.

Mato essa ânsia que me consome a alma
Que me impede de olhar mais além
Em busca, no mundo, por alguém
Um alguém que seja parte do meu todo
Que me transmita paz, serenidade, calma
Que me estenda a mão e me tire do lodo
Que rebente esta maldita bolha, de veneno e podridão
Que nos rodeia, cheia de bestas gregas
Que seja mais forte que Cérbero, o grande Cão
Que brilhe e as deixe cegas.

Quem é essa pessoa? Quem?

segunda-feira, 3 de maio de 2010

Fluxo do Flagelo

Escultura de gelo eterno
Que fazes sombra ao mais alto dos espíritos
Moldada pela mão dos Deuses,
O teu frio sobrevive até no Inferno
Onde as ondas flamejantes me atiçam
Me dão poder para libertar os fluxos
E quando os olhares em ti se fixam
Mostras um ar pacífico e terno.

As lágrimas que por ti chorei eram de gelo
E enraivecido, parto a tua escultura
Tal como no passado fiz à tua moldura.
Na minha alma dá-se o mais explosivo flagelo
Em que tu morres, desapareces,
E quando te vires sozinha
Oh minha bela e venenosa escultura
Aí, enlouqueces.

Derrete com o fogo do desprezo,
A ardente vontade de mais não querer saber
Não querer ouvir, não querer falar, não te querer ver
Pois eu, minha escultura, saio deste flagelo
Totalmente ileso
Sem nunca mais querer ver os teus olhos de gelo.

sábado, 1 de maio de 2010

Fluxo do Ar e da Estrela

Penso no vento... Na sua força, no seu poder
Em como será quando ninguém está por perto
Qual será o seu aspecto, a forma do seu ser.

O ar que nos rodeia, que nos acompanha permanentemente
É o parceiro de todos nós, agora e para sempre
Que não nos falha, que não nos desilude
Que está lá mesmo quando todos os outros nos viraram as costas.

No céu, a companhia é exclusiva das estrelas
Que nos recebem, seja na mais quente noite de Verão
Seja na mais gélida noite de Inverno
E até mesmo no Inferno
Onde eu vou sempre que penso naquela estrela especial
O toque do ar tem algo de meigo, de terno
Apesar de quente, é envolvente, é surpreendente
E a estrela, um dia a pessoa mais importante, brilha sempre
Mais que amigos, mais que namoros, mais que pais
Mas um dia, essa estrela vai ganhar uma nova companhia...

Um dia.

quinta-feira, 29 de abril de 2010

Fluxo da Freya

Veneno, verde e implacável
Que mata, que corrói,
Que paralisa e destrói
Que corre e suga a vida
Prende animais, parte esperanças
Sem barreira que o pare ou divida
Atacando com milhares de lanças.

Buscando um propósito,
A Freya em cada uma das nossas mentes vive
Aparece quando quer, esconde-se quando precisa
Geralmente imune ao veneno perigoso,
Filha de mãe cega e pai maldoso
Tem a alma manchada de sangue e pó.
Com pena, a mantive
Dei-lhe asas para voar
Para que pudesse escapar,
E seja a pé ou a voar
Ela vai além do inexplicável
Do impossível, do intocável
Tímida, mas decidida.
Resolvida.

É Vida.

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Fluxo do Céu

Céu azul que me inspiras
Que em mim constróis novos mundos
Liberta os primeiros raios do dia
Ilumina-me por alguns segundos
Deixa-me encher os pulmões com o cheiro da nostalgia.

O poder do antigo que se revela no novo
A falta de sentir a inocência, a pureza da tenra idade
Tamanha alegria, tamanha beldade
Ser livre e voar nas tuas ondas
Ser diferente e tocar a música dos teus olhos
Tamanho sorriso, tamanha saudade.

Ouve o riso do céu, o abraço da terra
Pois verde é esta inspiração.
Salva o mundo do caos do futuro
Salva a natureza até ao rebento mais puro
Guarda a revolta, substitui o desleixo
Repõe sorrisos, aguarda o desfecho.

Não ambiciones demais, o mundo é de todos
A ganância é pecado, a ambição capricho
A alegria sentimento, a nostalgia... Uma forma de viajar pela tua história.

Olha para as nuvens e sorri. O mundo aguarda a tua vitória.

terça-feira, 27 de abril de 2010

Fluxo do Poeta

Poeta, que corre o risco
Poeta, que passa a linha de limite
Poeta, que chora palavras e suspira emoções.

É quem segura na mão da tristeza
É quem abraça a morte com beleza
É quem não teme nem a dor, nem a perspectiva de falhar
É quem com um sorriso beija a natureza
Sem medo, querendo amar.

Branca é a inspiração, quando encontrada na noite
Vermelha, quando aparece com a paixão
Azul, com o céu da manhã
Verde, com o cumprimento da Primavera
Negra, quando o poeta é vilão.

Vilão da sua arte, do seu dom
Que mata, destrói, rasga esperanças
Chama pela inspiração, cinzenta e sem vida, e torna-a negra como a morte
Se sorrir, fica ouro, e com sorte
Um brilho multi-colorido passa a fazer sentido.

segunda-feira, 26 de abril de 2010

Fluxo da Miragem

Ouves o canto dos pássaros?
É o aviso.

Reflecte no teu melhor plano
O tempo de tomares uma decisão escasseia
Organiza-te, ordena as ideias, cria uma teia.
Uma teia de estratégias, uma rede de planos perfeitos
Evita os perigos e as regras a que estamos sujeitos
Pega na situação como se de um objecto frágil se tratasse
Leva-o em mãos, com cuidado, com atenção
Mas calma
Ninguém te culpa se o deixares cair ao chão...
Vai em frente, deixa-te ir
Deixa o teu coração rugir!!

Abre os olhos, mostra ao mundo quem és
Ensina-os a compreender-te, a aceitar-te
Chora, grita, bate com as portas
Pensa no que já passou, nas oportunidades mortas
Nas mentiras e nas omissões
Nos segredos, dentro de ti aos trambolhões
Nas tristezas à luz do dia
Nos sorrisos na escuridão da noite.

Ouve o aviso. A natureza canta à tua coragem.

Sorri para mim, pois até no escuro se distingue o real de uma miragem.

domingo, 25 de abril de 2010

Fluxo do Dragão

A febre que te deixa impávido
Que te adormece o corpo, te paralisa a alma
É a morfina da vida, o incessante querer pelo bater do coração
É a ideia de ser maravilhoso, fantástico, um livre dragão
É ser real, ser quem se quer ser.

Mas quem és tu? Não sabes, pois não te encontras
Procuras, ininterruptamente, por ti
Apresentas uma postura que nem tu conheces
De lorde, de dono, de feroz leão,
Juba de pecados, suspiros aguçados
Sentidos prontos, afiados.

Usa a bússola do teu coração
Agarra a chance, não te deixes prender
Caça, persegue, mata o ladrão
Que roubou a tua vontade de viver
Os teus olhos, a tua voz, o teu ser
E te transformou num enjaulado dragão.

sábado, 24 de abril de 2010

Fluxo da Água

Água cristalina que inunda os meus sonhos
Afoga a minha saudade que chama o seu nome
E prende o seu corpo ao mar das tormentas
Onde sem pudor se cometem actos vergonhosos
Como em pesadelos criminosos
Acorrentados a desejos deliciosos
De ambição, de poder, de ansieadade
Perturba a paz, aniquila a saudade
Olha para o mundo, sem idade.

Por baixo da pele, áspera como carvão
Corre sangue de vigarista, de ladrão
Corre o sentimento de capricho, de gula
Correm os pecados e os desejos gananciosos
Que mancham os pensamentos delicados
Mente conspurcada, que envolve e manipula
Sem prazer, só obsessão.

Mata o medo, agarra-me na mão
Vamos voar, mergulhar, nadar, descobrir
O que queres saber, o que posso ser
O que podemos ter.

sexta-feira, 23 de abril de 2010

Fluxo do Fogo

Quero escrever, observar, arder.

São flechas flamejantes; são pecados dos meus antepassados
São torturas incessantes, socorros ignorados
Invejas, agoiros, maldições, maus-olhados.
É o mundo que se revolta e perde a luz
O meu medo e a tua ambição que seduz
A agonia do meu espírito, aprisionado
Consome o poder que há em mim
E sem saber quem sou, onde vou, e com quem estou
Perco o norte do meu ardente caminho.

És a mais poderosa criatura de fogo
Abres caminho com um olhar digno de rei do mundo
Totalmente vazio, qual poço sem fundo
Disfarçado de vadio moribundo
Que cospe, que vomita, que dorme nas esquinas da ignorância
Sem medo, só ganância
De conquistar, de ter, de ganhar poder
Sem saber como o obter
Sem saber se quer ser
Ponderando viver ou morrer
Enquanto me deixas arder.