quinta-feira, 27 de maio de 2010

Amizade com cheiro a noite

Medo.

De estar sozinho
De ficar sem ninguém
De respirar, de olhar, de ver o que não quero saber
De querer o que não devia querer
De sonhar, de morrer, de ter o que não posso ter
Sozinho, acompanhado, assim-assim.
Iniciar a escalada e temer que não tenha fim
Olhando para os outros, para ti e para mim
Rir, não saber, chorar, sofrer
O cheiro da amizade que vagueia pelo caminho
Onde passamos, pisamos pedras com história
Onde choveram tristezas, onde se guarda a memória
Daquele cheiro estranho, inexplicável, como alecrim
Que se transforma, que cheira a canela, a caril, a jasmim
Que nos faz parar e pensar no futuro
Nos caminhos de pedra que nos esperam, juntos, sempre
Seja em pessoa, seja em memória, num cantinho da mente
Iremos escrever a nossa história
Com derrotas, com vitória, com glória
Aqui. Ali, lá, onde será?
Longe, perto, ao virar da esquina
As lembranças que vão ficar, a imagem do sorriso que esboçamos
Quando os olhos levantamos
E felizes ficamos
Sabendo que a nossa amizade foi inesperada mas permanece eterna.

Como o cheiro a noite, a caril, a jasmim.

3 comentários:

  1. A única forma de retribuir tal poema será fazer um igualmente simbólico. Irás ver.

    Está lindo, absolutamente. Adoro o cheiro de cada esquina de palavras e o seu som conhecido que me faz viver presentes e passados momentos, tantas vezes repetidos, tantas vezes que nem sei se conseguirei viver mais sem eles.

    Com o cheiro a noite, a caril, a jasmim.

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