domingo, 29 de julho de 2012

Sombras de sombras

Observar é aprender sem palavras. Quando te sentas num banco de jardim, aprendes os trajectos dos pássaros, os comportamentos dos animais; observas a vida. Mas é nas pessoas que está a verdadeira aprendizagem. No sorriso que dão ao desconhecido, no olhar que lançam ao menos querido, na falsa simpatia que estendem ao vizinho. Atrás deles, de todos eles, seguem-se as sombras, mas essas não têm trejeitos. Não têm maneirismos, atitudes: imitam o que os seus originais fazem, e imitam-nos com perfeição, até que dás por ti a ver todas as pessoas a transformar-se em sombras umas das outras; e estas não são nada além de sombras de ninguém. Todos sorriem, todos dizem que fazem mas não fazem o que dizem, todos dão um com quinhentos na mão, todos lamentam falsamente ao dar um "Não"; todos o fazem, e poucos são a excepção. Muito falam, mas nada sabem, pois no fim, todos passam, e ninguém sabe de onde vem, nem para onde vai; mas todos caminham para muitos lugares, com a incerteza como destino comum.

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